Jogadora do Bayern de Munique denuncia sexismo no futebol
A atleta de 23 anos tem sido alvo de assédio e comentários sexistas nas redes sociais
Publicado: 10/02/2025, 10:28
![A jogadora relatou que muitos comentários sugeriam que mulheres não deveriam ocupar espaço no futebol](https://cdn.arede.info/img/cover/550000/1000x500/Captura-de-tela10-2-2025102432wwwinstagramcom_00558538_0_202502101032.webp?fallback=https%3A%2F%2Fcdn.arede.info%2Fimg%2Fcover%2F550000%2FCaptura-de-tela10-2-2025102432wwwinstagramcom_00558538_0_202502101032.png%3Fxid%3D1944023%26resize%3D1000%252C500%26t%3D1739219171&xid=1944023)
Lena Oberdorf, uma das principais jogadoras do futebol feminino alemão, tem sido alvo de assédio e comentários sexistas nas redes sociais. A atleta de 23 anos, que atualmente joga pelo FC Bayern, destacou em entrevistas recentes a quantidade de mensagens ofensivas e ameaçadoras que recebe, especialmente após sua transferência do VfL Wolfsburg. Para ela, a hostilidade direcionada às mulheres no futebol é reflexo de um problema maior de discriminação e falta de respeito com as jogadoras. Além dos insultos sobre sua aparência e desempenho, a jogadora relatou que muitos comentários sugeriam que mulheres não deveriam ocupar espaço no futebol. O caso de Oberdorf reforça uma realidade enfrentada por muitas atletas: a misoginia estrutural que ainda persiste no esporte.
Oberdorf não é a única jogadora a denunciar esse tipo de comportamento. Muitas atletas do futebol feminino relatam receber mensagens com teor violento, sexualizado e depreciativo simplesmente por atuarem profissionalmente no esporte. O crescimento da modalidade trouxe mais visibilidade, mas também ampliou os ataques direcionados às jogadoras.
O cenário não é novo. Casos de assédio e desrespeito no futebol feminino ocorrem há décadas, e ainda há poucas medidas eficazes para combater esse tipo de violência. A necessidade de políticas que protejam as atletas e garantam um ambiente mais seguro dentro e fora dos campos é uma questão urgente.
IMPACTO - O assédio e a violência verbal contra mulheres no futebol não são apenas problemas individuais. O impacto psicológico nas atletas pode afetar seu desempenho, sua confiança e até mesmo suas decisões de seguir na profissão. Muitas jogadoras já relataram episódios de depressão e ansiedade após receberem ataques virtuais, que muitas vezes incluem ameaças de morte e insultos direcionados à sua integridade física e mental.
Além disso, esse cenário contribui para a manutenção de uma cultura machista que afasta novas gerações do esporte. Com medo da exposição e dos ataques, muitas jovens atletas desistem antes mesmo de alcançar um nível profissional. A falta de suporte e de ações concretas para combater esse problema reforça a desigualdade entre homens e mulheres no futebol.
Pesquisas sobre o tema mostram números alarmantes. Um estudo recente apontou que 52,1% das jogadoras entrevistadas afirmaram ter sido vítimas de algum tipo de assédio, seja ele moral, sexual ou verbal. Esses dados evidenciam a necessidade de mudanças estruturais na forma como o futebol feminino é tratado pela mídia, pelas federações e pelo público.
LUTAS POR RESPEITO - Nos últimos anos, diversos episódios envolvendo sexismo e assédio no futebol feminino ganharam repercussão global. O caso do ex-presidente da Federação Espanhola de Futebol, Luis Rubiales, que foi acusado de abuso de poder e conduta inadequada após beijar à força a jogadora Jenni Hermoso durante a comemoração do título da Copa do Mundo, exemplifica o quão enraizado está o problema.
Outro exemplo foi a denúncia coletiva de jogadoras da seleção afegã de futebol feminino, que sofreram abusos físicos e psicológicos de dirigentes da federação do país. Essas situações mostram que o sexismo no futebol não se limita às redes sociais, mas está presente dentro das próprias instituições que deveriam proteger as atletas.
A resposta das federações e dos clubes, muitas vezes, é lenta e insuficiente. Apesar do aumento da visibilidade do futebol feminino e do crescimento das competições, ainda há uma resistência estrutural para reconhecer e combater a discriminação de gênero no esporte.
COMBATE - Para lidar com o peso das críticas e dos ataques, muitas jogadoras buscam apoio psicológico e estratégias de fortalecimento emocional. Lena Oberdorf mencionou a importância do acompanhamento mental para manter o foco e a motivação no esporte. Segundo ela, o trabalho com profissionais da área tem sido essencial para enfrentar os desafios dentro e fora de campo.
Além do suporte individual, campanhas e iniciativas contra o discurso de ódio são fundamentais. Algumas ligas e clubes têm implementado medidas para reduzir o assédio nas redes sociais, como a moderação de comentários e punições mais severas para usuários que promovem discursos violentos. No entanto, essas ações ainda são limitadas e não impedem totalmente a propagação do machismo no futebol.
DESAFIOS - Visibilidade e reconhecimento: Apesar do crescimento do futebol feminino, a diferença de investimento e cobertura midiática em relação ao masculino ainda é enorme.
Condições de trabalho: Muitas jogadoras recebem salários muito inferiores aos de atletas homens e enfrentam dificuldades para obter patrocínios e contratos.
Combate ao machismo: O ambiente esportivo continua sendo um espaço onde atitudes machistas são normalizadas, dificultando a criação de um ambiente igualitário.
Políticas de proteção: A ausência de regulamentos efetivos contra assédio e violência de gênero prejudica a segurança das atletas.
Informações: Mix Vale